Draco Malfoy (2° texto)
Muito do comportamento de Draco na escola foi modelado na pessoa mais impressionante que ele conhecia – seu pai – e ele copiou fielmente a frieza de Lúcio e sua maneira desdenhosa de tratar todos fora de seu círculo interno. Tendo recrutado um segundo escudeiro (Crabble já estava nessa posição antes de Hogwarts) no expresso de Hogwarts, a menor imposição que Draco usou em Crabble e Goyle foi uma combinação de capanga e guarda-costas durante os seis anos de vida escolar.
Os sentimentos de Draco por Harry foram sempre baseados, em grande maioria, pela inveja. Apesar dele nunca ter solicitado fama, Harry era inquestionavelmente o garoto mais falado e admirado da escola, e isso naturalmente mexeu com o garoto que foi educado para acreditar que ocupava uma posição de realeza na comunidade bruxa. Além do mais, Harry era mais talentoso no voo, habilidade que Malfoy estava confiante que iria ofuscar todos os alunos do primeiro ano. O fato de que o mestre de Poções, Snape, preferia Malfoy, e desprezava Harry, era apenas uma pequena compensação.
Draco recorreu a muitas táticas sujas na tentativa de irritar Harry e desacreditá-lo aos olhos dos outros. Entre várias, ele mentiu para imprensa, criou emblemas com insultos para ele, tentou amaldiçoa-lo por trás e se disfarçou de dementador porque Harry parecia especialmente vulnerável a eles. Contudo, Harry humilhou Malfoy em algumas ocasiões, sobre tudo no quadribol, e o jovem Sonserino nunca esqueceu a vergonha de ter sido transformado em uma doninha pelo professor de Defesa Contras as Artes das Trevas.
Muita gente pensava que Harry Potter, quem presenciou o renascimento do Lord das Trevas, era um mentiroso ou um fantasioso, Draco Malfoy era um dos poucos que sabiam que ele dizia a verdade. Seu próprio pai sentiu que a Marca Negra escurecer e se reuniu diretamente ao Lorde das Trevas, assim presenciou o duelo no cemitério entre Harry e Voldemort.
As conversas na Mansão dos Malfoy sobre os acontecimentos originaram sentimentos em Draco Malfoy. Por um lado, estava entusiasmado por estar entre aquele grupo secreto que sabia que Voldemort havia voltada e com ele os dias de glória para sua família que seu pai sempre falava. Por outro lado, as discussões em voz baixa sobre como Harry voltou a escapar de outra tentativa de assassinato por parte do Lord das Trevas lhe provocavam socos no estômago de irritação e ciúme. Os Comensais da Morte reunidos na casa de seus pais odiavam Harry por ser um obstáculo para seus fins e pelo que representava, mas também o considerava um adversário sério. Enquanto Draco continuava sendo apenas um estudante. Apesar de se encontrarem em pontos opostos da briga, Draco invejava a posição de Harry. Ele se alegrava imaginando a vitória de Voldemort: sua família receberia grandes honras e no novo regime seria festejado em Hogwarts como o importante e impressionante filho daquele que era a mão direita de Voldemort.
A vida de Draco no colégio mudou muito em seu quinto ano. Ainda que tenha sido proibido de falar em Hogwarts o que escutava em casa, Draco desfrutava de seus pequenos trunfos. Era monitor (e Harry não) e Dolores Umbridge, a nova professora de Defesa Contra as Artes das Treva, parecia detestar Harry tanto quanto ele. Entrou para a Brigada Inquisitorial de Dolores Umbridge e se propôs a descobrir o que tramava o grupo de estudante que ensinava e praticava magia em segredo em uma organização proibida: A Armada de Dumbledore. Contudo, no momento em que Draco conseguiria a vitória tendo encurralado Harry e seus amigos de modo que Umbridge fosse expulsar o jovem bruxo, Harry escapou. Pior ainda, Harry conseguiu se
safar da tentativa de Lúcio Malfoy de mata-lo , atrapalhando o pai de Draco e o enviando para Azkaban.
O mundo de Draco caiu em pedaços. Tanto ele como seu pai pensavam que iriam estar a cima da autoridade e prestígio como nunca antes e, contudo, levaram Lúcio de sua casa e o prenderam longe, na terrível prisão de bruxos vigiada por Dementadores. Lúcio havia sido o modelo a ser seguido e um herói para Draco desde que nasceu. Agora sua mãe e ele eram párias entre os Comensais da Morte; Lúcio era um fracasso e havia perdido todo o prestígio diante a fúria de Lord Voldemort.
Até esse momento, Draco havia tido uma existência protegida e estável. Havia sido um garoto privilegiado com poucas preocupações e uma posição segura no mundo. Por sua cabeça só rodeavam problemas sem importância. Agora seu pai não estava presente e sua mãe se sentia consternada e aterrorizada, assim ele devia assumir as responsabilidades de um homem.
O pior estava por vir. Voldemort pretendia castigar Lúcio Malfoy por não conseguir capturar Harry, assim pediu a Draco uma tarefa tão difícil que ele praticamente não poderia realizar… e que provavelmente pagaria com sua vida. Draco devia matar Alvo Dumbledore, mas Voldemort não se importou em dizer como. Tinha que ser de sua própria iniciativa e Narcisa adivinhou corretamente que aquele bruxo desprovido de pena não podia tolerar o fracasso que havia encomendado a seu filho, uma tarefa que não podia cumprir.
Cheio com esse mundo que de repente havia dado as costas a ele e a seu pai, Draco aceitou ser um Comensal da Morte e aceitou cometer o assassinato que Voldemort havia ordenado. Nessa fase tão escura, cegado pelos desejos de vingança e de devolver o favor de Voldemort a seu pai, Draco não era capaz de compreender o que o tinha sido lhe pedido. Só sabia que Dumbledore representava tudo que seu pai detestava e conseguiu se convencer com bastante facilidade que o mundo seria um lugar melhor sem o diretor de Hogwarts, já que concentrava a seu redor todos os opositores de Voldemort.
Fascinado pela ideia de ser um Comensal da Morte real, Draco se dirigiu para Hogwarts com grande decisão. Contudo, pouco a pouco foi descobrindo que sua tarefa era muito mais difícil do que havia pensado e, depois de estar a ponto de matar acidentalmente duas pessoas no lugar de Dumbledore, Draco começou a perder a coragem. Sobre seus ombros pesava a ameaça de que sua família e ele sofreriam danos, e começou a desmoronar diante tal pressão. As ideias de que Draco tinham sobre si mesmo e sobre seu lugar no mundo estavam desintegrando. Durante toda sua vida ele havia idolatrado seu pai que estava a favor da violência e que não tremia a mão quando precisava usá-la. Agora seu filho havia descoberto que lhe desagradava matar pessoas e isso lhe fazia sentir fracassado. Ainda assim, não podia se livrar de sua condição: rejeitou repetidamente a ajuda de Severo Snape porque tinha medo de que ele tentasse lhe roubar a ”glória”.
Voldemort e Snape subestimaram Draco. Ele demostrou que era hábil em Oclumência (a arte mágica para se defender quando tentam ler sua mente), essencial para missão que lhe foi encomendada. Depois de duas tentativas frustradas de acabar com a vida de Dumbledore, Draco teve êxito em seu plano espirituoso de introduzir um grupo de Comensais da Morte em Hogwarts. Dumbledore acabou sendo assassinado, ainda que não pelas mãos de Draco.
Quando enfrentou um Dumbledore sem varinha, Draco não pode dar o golpe; apesar de resistir a seus sentimentos, terminou comovido pela bondade e piedade que Dumbledore mostrava a seu assassino. Snape escondeu de Draco e ocultou de Voldemort que havia perdido a varinha antes de chegar ao alto da torre de Astronomía. Snape destacou a habilidade que Draco demostrou ao introduzir aos Comensais da Morte no colégio e ao encurralar Dumbledore para que ele pudesse mata-lo.
Pouco depois que liberaram Lúcio de Azkaban, a família pode voltar a Mansão dos Malfoy para prosseguir com sua vida. Contudo, havia perdido todo seu prestígio. Ainda quem em outro tempo chegaram a sonhar em conseguir a posição mais alta no novo regime de Voldemort, os Malfoy terminaram nos postos mais baixos dos Comensais da Morte e foram um dos fracassados que tinham que suportar as provocações e desdém de Voldemort.
Draco sofreu uma mudança na personalidade que, apesar de seus conflitos, tornou-se evidente durante o resto da guerra entre Voldemort e aqueles que tentavam detê-lo. Apesar de Draco ainda conservar a esperança de devolver a sua família a posição privilegiada, sua consciência o levou a tentar salvar Harry de Voldemort (possivelmente, com relutância, mas dando o melhor de si dada as circunstâncias) quando o capturaram e o arrastaram a Mansão dos Malfoy. Contudo, durante a última batalha em Hogwarts, Malfoy voltou a tentar capturar Harry para salvar o prestígio de seus pais e provavelmente sua vida com ele. É discutível que ele mesmo tivesse entregado Harry. Suspeito que, igual quando tentou matar Dumbledore, ele havia se dado conta que dirigir outra pessoa a sua morte era mais complicado na prática do que na teoria.
Draco sobreviveu ao incêndio porque Harry e Rony salvaram sua vida. Depois da batalha, seu pai evitou a prisão porque proporcionou provas contra outros Comensais da Morte e ajudou a garantir a prisão de muitos seguidores de Lord Voldemort que fugiram para se esconder.
Os acontecimentos dos últimos anos da adolescência de Draco mudaram sua vida para sempre. Ele se viu obrigado a por em dúvida suas crenças de maneira mais assustadora. Viveu o horror e o desespero, foi testemunha do sofrimento de seus pais por sua lealdade e presenciou a desintegração dos valores de sua família. Pessoas como Dumbledore, que odiava porque assim o haviam ensinado ou porque havia aprendido com ele mesmo, ofereceram ajuda e bondade, e o próprio Harry Potter deu sua vida por ele. Depois dos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial Mágica, Lúcio viu que seu filho continuava sendo tão amoroso como sempre, mas se recusava a seguir a mesma linha de sangue puro.
Draco se casou com a irmã mais nova de um amigo da Sonserina. Astoria Greengrass, que também teve uma conversão similar de ideais sobre puro-sangue a uma visão de vida mais tolerante (ainda que seu processo tenha sido menos violento e assustador) era para Narcisa e Lúcio uma nora decepcionante. Tinham muita esperança colocada em uma garota cuja família estava entre as “Vinte e Oito Sagradas”, mas Astoria não queria que Scorpius fosse criado na crença de que os Trouxas eram escória e por isso as reuniões familiares eram cheias de tensões.
Quando a série começou, Draco era, o típico valentão. Acreditando fielmente em seu status superior que ele absorveu por ser de sangue puro, ele inicialmente ofereceu a Harry sua amizade pressupondo que a oferta só precisava ser feita para ser aceita. A riqueza que sua família tinha em contraste com a pobreza dos Weasleys, também, era fonte do orgulho de Draco, mesmo que a credencial de sangue dos Weasley fosse idêntica à dele próprio.
Todos reconheceram Draco porque todos conheceram alguém como ele. Pessoas que acreditam ser tão superiores podem ser irritantes, risíveis ou intimidante, dependendo das circunstâncias na qual você as encontra. Draco era bem sucedido em provocar todos esses sentimentos em Harry, Rony e Hermione em uma hora ou outra.
Meu editor britânico questionou o fato de Draco ter se dado tão bem com Oclumência, ramo que Harry nunca pode dominar (apesar de ter sido capaz de produzir um patrono tão novo). Eu argumentei que era perfeitamente consistente o personagem do Draco achar mais fácil desligar as emoções , para compartimentar, e negar partes essenciais dele mesmo. Dumbledore conta a Harry, no final de Ordem da Fênix, que é por causa de uma parte essencial de sua humanidade que ele pode sentir tanta dor; com Draco, eu estava tentando mostrar que sua negação da dor e a repressão do conflito interno só podem levar a uma pessoa problemática (que é muito mais provável de causar danos em outras pessoas).
Draco nunca percebeu que ele se tornou, por uma grande parte do ano, o verdadeiro dono da Varinha das Varinhas. Foi bom ele não saber, em parte porque o Lord das Trevas, especialista em Legilimencia, teria matado Draco em um estalar de dedos se ele tivesse pressentido a verdade, mas também porque, deixando de lado as dores de consciência, Draco permaneceu vítima de todas as tentações que ele foi ensinado a admirar, violência e poder entre eles.
Eu tenho pena de Draco, assim como tenho pena de Dudley. Crescer junto aos Malfoys ou os Dursleys é uma experiência prejudicial, e Draco passa por provações terríveis como consequência direta dos princípios equivocados de sua família. No entanto, os Malfoy contam com uma graça salvadora: se preocupam um com o outro. Draco age por medo de que algo aconteça com seus pais e do mesmo modo, Narcisa arrisca tudo quando mente para Voldemort no final de Relíquias da Morte dizendo que Harry está morto. Ela o faz pelo simples fato de se unir ao filho.
De toda forma, Draco continua sendo uma pessoa de moral duvidosa nos sete livros publicados e eu tenho que enfatizar que achei desconcertante que muitas garotas gostassem do personagem em partícular. Eu não tiro o mérito da atratividade de Tom Felton, que interpreta Draco de maneira brilhante nos filmes e que ainda que pareça irônico é uma das pessoas mais amáveis que existe. Draco conta com todo o atrativo escuro de um anti-herói e as meninas são propensas a idealizar esse tipo de pessoa. Tudo isso me deixa em uma posição nada invejável de colocar algum sentido nos sonhos dos leitores quando eu digo, muito severamente, que Draco não esconde um coração de ouro sob seu desdém e preconceito. Também nego que Harry e ele estiveram destinados a ser melhores amigos.
Eu imagino que o Draco adulto seja uma versão modificada de seu pai: mora na Mansão dos Malfoy com sua mulher e filho e é um homem rico e independente que não precisa trabalhar. Vejo em seus passatempos a confirmação de sua natureza dupla. A coleção de artigos tenebrosos é parte de sua história familiar. Isso sim, ele mantém nas caixas de vidro e não utiliza. No entanto, seu estranho interesse pelos manuscritos alquímicos, mesmo que não tente criar uma Pedra Filosofal, indica o desejo de ter algo mais que riqueza, quem dera ele quisesse ser uma pessoa melhor. Tenho grande esperança que ele eduque Scorpius para que seja um Malfoy muito mais amável e tolerante que o jovem.
Draco teve muito sobrenomes antes deu decidir “Malfoy”. Em vários momentos nos primeiros rascunhos pensei em Smart, Spinks ou Spungen. Seu primeiro nome vem de uma constelação, o dragão, ainda que o centro de sua varinha seja de unicórnio.
Isso era simbólico. Depois de tudo, e no risco de reviver fantasias pouco saudáveis, há um pequeno resquício de bondade no coração de Draco.
Sobre o capítulo
Draco corre pela torre de Astronomia, e desarma Dumbledore quando descobre que o diretor está sozinho. Diz a Dumbledore que há Comensais da Morte em Hogwarts e revela que fez com que o armário do colégio, cuja parede dava na Borgin e Burkes, virasse uma passagem secreta até a escola. Nega a acusação do prisioneiro de não estar á altura do que Lord Voldemort o havia pedido, assim como a acusação de que tinha medo.
O jovem admite que com a maldição imperius, obrigou Rosmerta a entregar o medalhão a um aluno para que levasse a Dumbledore e a envenenar o Hidromel de Slughorn. Draco estava orgulhoso da ideia de utilizar moeda encantada para se comunicar com Rosmerta e admite que se inspirou no método utilizado pela Armada de Dumbledore. O jovem insiste ao diretor que Snape é um espião duplo e pensa que Dumbledore é estúpido por confiar nele.
Draco parece incapaz de matar Dumbledore, apesar do animo que recebe dos Comensais da Morte que aparecem a Torre de Astronomia. Estremece ao ver Fenrir Greyback, uma vez que não sabia que o homem lobo iria se reunir as Comensais da Morte em Hogwarts. Olha com terror para Dumbledore, e sua mão treme tanto que pode apenas apontar, Snape o empurra de forma brusca quando chega a torre. Finalmente, Draco vê o professor lançar a maldição que assassina o diretor.
fonte: http://www.sagasbrasil.com/leia-todos-os-novos-contos-do-universo-harry-potter-traduzidos/
Contos do Universo de Harry Potter: Draco Malfoy (2° texto)
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Oleh
Professor Augusto Junior