sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

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Texto: Dez coisas que eu Odeio em Crescer

Este texto ENORME contêm spoilers sobre minha vida. Vale a pena ler e refletir.

DEZ COISAS QUE EU ODEIO EM CRESCER



Não que minha infância tenha sido um mar de rosas, mas tem coisas da infância que a gente não esquece e sente saudades enquanto viver. Hoje, especialmente por trabalhar com crianças, acabo pensando muito nos momentos passados. É como se a voz da garota Mafalda ( aquela das tirinhas) viesse conversar comigo e falar das agruras das “adultices” ( eu – e talvez Mafalda também- amo neologismos) .
Queria voltar a ser criança, pelo menos por um dia, mas podendo fazer tudo que eu quisesse e sem reviver o histórico violento da minha família. Não perdi, é claro, a criança que habita em mim, mas é fato que adultos tem pouco tempo pra felicidade (como assim??? Adulto não pode tudo? Não é dono do próprio nariz? – Na verdade não; temos responsabilidades demais e as vezes ficamos frios ou preguiçosos diante de situações que deveriam nos alegrar). Tive essa ideia de listar as dificuldades de crescer ( deixando também alguns comentários das coisas boas- já que a vida não é só de sofrimento).

1-      Adultos reparam em tudo! “Cuidam” demais  da vida dos outros e esquecem de cuidar das suas próprias vidas.
Uma coisa que eu guardo em mim é o encanto por balanços! Amo balançar (e daí se sou adulto?). É uma coisa muito prazerosa, como se eu pudesse viajar pelo mundo das memórias dentro do vai e vem do balanço. O chato de ser adulto é que as pessoas reparam em tudo que você faz. Conforme eu perco a paciência pras chatices adultas fico com a tendência a fazer coisas “estranhas” em publico, como andar com um fantoche na mão – fiz isso dentro da Bienal do Livro de BH- , sair com toquinha de Papai Noel e um óculos enorme, rir e falar alto não estando nem ai pras outras pessoas rabugentas ao redor;

2-      Os “bons” vícios se perdem, e por vezes caímos em vícios realmente perigosos e ruins.
Lembro-me de quando podia me dar ao luxo de ser viciado no Playstation 1! Ainda sou apaixonado e saudoso por matar dinossauros e zumbis. Também adora ser um ninja e pegar os inimigos na surpresa pra arrancar-lhes a cabeça;

3-      Deixamos pra trás a memória de momentos que talvez nunca possamos reviver.
Uma boa memória da infância me faz duvidar se crescer é bom: a lembrança das noites em que eu e minha família ficávamos sentados em tijolos olhando para o céu a noite e conversando. Só que naquele tempo eu achava que o mundo era lindo, perfeito e que minha família não tinha defeitos. Essa era então minha mais doce ilusão, assim, embora a lembrança seja linda eu prefiro encarar a verdade ( por mais dura) que a adultice me trouxe.

4-      Ninguém é livre o suficiente para ser dono do próprio nariz
Tem uma coisa que é detestável quando se cresce, essa merece toda uma atenção. Sabe aquela ideia de crescer e ser dona do próprio nariz? Então, as coisas não são bem assim. Nossas sociedades se mantêm em certo equilíbrio através de regras e relações entre pessoas. Nas regras vamos de encontro às leis, que nem sempre são justas e muitas vezes desagradam. Até ai tudo “bem”, a gente vai levando, tentando seguir nossas vidas sem causar problemas, então vem o segundo ponto “ a relação entre pessoas”, aqui se encaixam as relações de poder, a hierarquia de trabalho, as desigualdades sociais e até as contas pra pagar. Ah sim, adultos quase sempre tem CHEFES! ( Logo a  ideia de ser dono do seu nariz cai por terra e você fica com cara de Voldemort – se perguntando onde diabos seu nariz foi parar);

5-       Lidar com o trabalho e especialmente com chefes.
Você que pensava “quando eu fizer 18 anos vou fazer o que quiser, não terei de obedecer meus pais”, vai ficar histérico quando ouvir seu chefe te dando ordens como se você fosse escravo ou coisa pior. Não desanime, existe a possibilidade de você ser realizado no seu trabalho, como eu sou hoje. Devo dizer que é uma imensa felicidade trabalhar com o que se gosta (então estudem e mantenham o foco nisso). Mas crescer é difícil, é duro, complicado demais! A gente vai sofrendo e tendo algumas vitorias, é isso que nos molda e é necessário muito cuidado pra não nos tornarmos adultos chatos e frios. Eu, antes de ser o profissional que sou ( professor), já fui :  caixa, copista, cobrador de ônibus, operador de telemarketing, fiz estagio dentro de grandes favelas, enfim, lutei muito pra estar onde estou hoje.

6-      Mudanças corporais.
Coisa estranha pra se comentar, mas eu devo comentar! Quando somos criança nosso corpo é, como posso dizer simples! Não tem aquele desequilíbrio hormonal, nem passamos pelos sofrimentos emocionais. Eu era magro que só! Pareceu aquele bicho-pau do “Vida de inseto”. Andava pelas ruas e matagal despreocupado, sem camisa e rasgando o vento com minha exuberante magreza ( zuera, não tinha nada de exuberantes- além de ter orelhas de jumbo). Mas vamos ao que importa, dentro da perspectiva do nascer-crescer-morrer, nos passamos pela infância, puberdade, adolescência, fase adulta, velhice e por fim o óbito.  E  quem já passou por certas “transições” sabe bem como é. Vem a bendita da puberdade e torce nossos corpos como se fossemos de massinha. Aperta aqui, aumenta ali, estica, escolhe! Somos invadidos de hormônios, sensações, e pelos! Pelos pra todo canto (não riam). Alguns têm o rosto devorado por protuberantes espinhas, outros ficam com a voz esganiçada! Sensações afloram pelo corpo e trazem confusão a mente. A transição vai seguindo, a gente engorda, emagrece, estica, escolhe,  fica com a pele boa, fica com a pele péssima! ( nem vou comentar da mestruação-feat-colicasInfernais). E agora, eu sou adulto, barrigudo, com uma forte tendência a calvice, e com barba! Ah, “todo mundo ama barba”, mas a barba (queridinhxs) é um inferno quando está calor, é um caso ter de tira-la de dois em dois dias quando o trabalho exige, é chato demais ter de tira-la toda vez que se vai numa entrevista de emprego;

7-      Relacionamentos amorosos.
Deveria ser a melhor parte! Amor & Sexo, poesia e romance. Só que não é bem assim. Nem todo mundo vai viver um amor trágico estilo Romeu e Julieta, ou um lindo romance como do Hoje eu Quero Voltar Sozinho. Nem sempre da pra fazer fotos estilo Titanic e a palavra “fidelidade” se torna frágil. Às vezes tudo é lindo, às vezes tudo são chifres na sua cabeça. Mas de modo geral vale a pena se relacionar, é bom namorar. As partes boas quase sempre compensam as ruins. Aviso: estejam preparados para as dores de cabeça e coloquem o termo D.R ( discutir a relação) nos seus dicionários.

8-      Tempo x Dinheiro.
Adultos são assim: ocupados demais. Mesmo se não estão fazendo nada, ainda estarão ocupados em não fazer nada. Crianças geralmente têm muito tempo livre, e tempo é uma preciosidade que gera ambição e frustração nos adultos. Detalhe: crianças não têm dinheiro – a menos que alguém lhes dê. Os adultos ( quando trabalham) tem dinheiro, uns chegam a ter muito dinheiro.  Faça um teste: de uma nota de cinquenta reais para uma criança- ela vai saber usar seu tempo e seu dinheiro (geralmente se divertindo). Agora faça o mesmo com um adulto- ele vai achar pouco, vai ver que não da pra pagar as contas, vai ser ingrato e não vai conseguir administrar tempo e dinheiro para algo que lhe faça bem.



9-       Criticas e Falsidade.
Não que crianças não recebam críticas (e recebem muitas criticas, além de alguns pais terem a mania de compara-las com outras crianças). O que difere adultos de crianças nisso é que os adultos são fulminados pelas criticas. E os anos de vida ajudam a pessoa a se tornar frustrada quando não atende as expectativas dos outros. É comum que adultos se ataquem com comentários do tipo “nossa, nessa idade e ainda não casou?”, “ você continua naquele empreguinho?”, “você nunca vai ter filhos?”, “você parece tão infeliz”. Existe uma guerra imaginaria na cabeça dos adultos, eles mesclam relações de amor e ódio. Alguns atacam mesmo as pessoas mais próximas e são indiferentes ao sofrimento alheio. Aconselho que nunca se confie num adulto, não de cara. É preciso algum tempo e observar constantemente os passos de um adulto. Não acreditem em todos os elogios que os adultos trocam, não é raro um “você está linda” ocultar um “ nossa, como você é ridícula”;

10-   Adultos nunca vão voltar a ser criança.
Adultos frustrados querem muito voltar a ser criança, alguns querem até envelhecer e morrer logo. Querem qualquer coisa, menos aceitar a fase da vida em que estão. Muitos se prendem a fantasias da literatura como fuga pro sofrimento de ser adulto. Peter Pan é a fantasia preferida desses adultos, o menino que não queria crescer e por isso vivia na encantada Terra do Nunca. Não importa o quanto desejem, o quanto sonhem, adultos nunca vão voltar a ser crianças. Desafiar as fases da vida é tão perigoso quanto desafiar a Morte ( e em ambas lutas é impossível vencer).


Por: Augusto Junior de Oliveira

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Texto: Dez coisas que eu Odeio em Crescer
4/ 5
Oleh

2 comentários

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2 de janeiro de 2015 às 14:47

Hmm pura verdade, sabe, mesmo quando eu era criança eu já sabia que ser adulto ia ser chato um dia por causa dos problemas, quando vc cresce começa a perceber que está sozinho e o quanto as pessoas são falsas, não ter tempo para se fazer o que gosta por que precisa arranjar dinheiro, e as decepções então? Você até se torna alguém mais frio e percebe que a única pessoa que vc pode acreditar é vc mesmo! Me identifiquei com o texto.

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2 de janeiro de 2015 às 14:48

Que bom que colocou o widget de seguidor, assim poderei acompanhar seu blog! Beijos.

http://vihpaula.blogspot.com.br/

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