domingo, 10 de janeiro de 2016

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Crimes do Tarô (Leonardo Nóbrega)

Esse livro é um crime: genial, espetacular, delicioso, ainda assim um crime.
Não me imaginava iniciando uma resenha com uma frase tão piegas, mas não encontrei outra forma de explicar o ardil genial de Leonardo Nóbrega. Não tenho o hábito de mergulhar em livros com mistério e investigação policial, pra uma pessoa ansiosa e que não tem muito tempo disponível, encontrar com um mistério pode levar à loucura. Mergulhei de cabeça em Crimes do Tarô, aprofundei minha leitura com aquele ímpeto intenso de desvendar os crimes, procurando cada pequena pista nas palavras do autor. Ao término da minha intensa e deliciosa leitura me deparei com um final inimaginável. Recomendo ao leitor que entre com cautela e olhos atentos na investigação policial criada por Leonardo Nóbrega. 


Deixa eu falar um pouco de como o livro chegou à mim antes de apresentar vocês a trama. A foto que postei acima ilustra muito bem esse acontecimento. Eu estava passando por um dia daqueles insuportáveis, no meio da chatice do dia me aconteceu de encontrar minha Santa Sara Kali quebrada ( da pra ver na foto onde ela se quebrou). Postei a foto dela quebrada no Facebook e o Leonardo Nóbrega comentou na postagem um trecho do seu livro, onde a Kali era mencionada. Quando li as linhas da historia apresentadas por ele fiquei encantado, extasiado até, sabia que tinha de ler o livro. O Leonardo de Nóbrega é parceiro do Blog, e como o acontecimento que contei acima ocorreu justamente no dia do meu aniversário ele me mandou o livro de presente e ainda com um bela dedicatória. Eu fiquei encantado com a presença dos ciganos nos livros, pode ver um pouco da cultua deles. A menção de Santa Sara Kali, dos costumes ciganos e um pouco sobre a história de luta, resistência e preconceito sofrido por esse povo trouxe, a meu ver, um papel ainda mais importante para esse livro no universo literário. 
SINOPSE

Crimes no Tarô é uma história que vai além da historia em si, nos apresenta reflexões e conflitos morais, não se trata apenas de um crime a ser desvendado. Tomás é um policial estilo Gordon (do seriado Gotham), ele é competente no que faz., extremamente dedicado e não mede esforços para levar diante o júri quem quer que seja que tenha cometido um crime. Nosso protagonista se vê incumbido de desvendar os crimes da intitulada Ladra do Tarô, uma linda mulher loira de olhos cor de esmeralda que comete seus crimes deixando no local alguma carta do Tarô de Marselha. Conforme as investigações se aprofundam e a lista de possíveis culpados aumenta, Tomás se vê diante uma teoria da conspiração assustadora e cruel. Ele terá testado seus princípios e crenças sobre a lei e a organização da sociedade. Não bastassem esses conflitos ele vai ser envolvido também pelos laços macios e irresistíveis do amor.

Eu, honestamente tenho uma visão divergente à do personagem principal quanto a ideia de justiça (talvez um bom motivo para eu nunca me tornar um policial). Ele, aparentemente, enxerga seu dever acima de seus desejos. No seu ímpeto de ser, e se reconhecer, um excelente profissional ele parece incapaz de se corromper, inabilitado para julgar por si só. Assim quando ele através de sua profissão tem de lidar com a ideia de justiça versus vingança ele automaticamente define que cabe ao júri julgar, de acordo com as leis vigentes, e jamais com o olhar da paixão. Eu sou um apaixonado nato, e verdadeiramente não acredito que tudo que é lei é justo. Um breve exemplo: a proibição do casamento entre brancos e negros já foi defendida por lei, mas não há nada no mundo que possa me fazer acreditar que essa Lei seja JUSTA. Outro exemplo? O tempo em que era negado o direito do voto às mulheres. Muitas outras leis criadas e derrubadas no decorrer da historia das sociedades humanas apresentam características assim, inclusive leis atuais. Desse modo eu não colocaria jamais a ideia de lei como algo indiscutivelmente justo ou correto. Ao final do livro pude coloca-lo como um livro muito bom, espetacular na verdade, pela maneira que foi escrito e pelo modo que o autor nos lança pequenas pistas e nos instiga durante a leitura. Leonardo Nóbrega é um autor que sabe o que tem de fazer e o faz com maestria. Quanto ao Tomás ele é um daqueles personagens “bonzinhos” demais que eu nunca vou gostar (gostava dele durante o livro, é claro, e torcia pra ele desvendar o mistério, mas os rumos que as coisas tomaram me fizeram considera-lo um tolo cão treinado).

Quanto a Ladra do Tarô só posso declarar meu amor e admiração, ela segue a linha de justiceira, sei o quanto é perigoso quando as pessoas tentam fazer justiça com as próprias mãos, mas no caso dela, ela me convenceu a segui-la e admira-la. Os vilões apresentados no livro como uma sociedade satanista são extremamente perigosos e inescrupulosos, tem ideias fascistas que me lembraram não só os nazistas de Hitler, mas também os clamantes pela volta da ditadura militar no Brasil. O ódio arraigado dessas pessoas e a manipulação das mídias é tão perturbador que pode fazer surgir em cada um de nós um ponto de interrogação (?); E se sociedades como a tratada no livro forem reais? Quem é que poderia provar que sim, ou que não? Outro ponto muito importante está no fato de alguns personagens frequentemente se questionarem ou demonstrarem-se ofendidos diante da maestria da Ladra, esses personagens são do tipo que desejam colocar a mulher em papel desimportante, desses que se dizem humilhados se forem vencidos por uma mulher e que acham que uma mulher não poderia ser capaz de grandes coisas, entretanto a Ladra, que é muito mais uma anti-heroína do que uma vilã, escancara diante da turba de “machos” parvos o quanto ela é poderosa, inteligente e decidida. Por essas e tantas outras discussões sociais apresentadas na história, eu como professor digo que é sim um livro para trabalharmos em sala de aula, para levar nossos alunos a pensar e questionar.

Deixo, por fim, a recomendação desse livro incrível e meu agradecimento ao autor. Leonardo, você é fenomenalmente perverso e genial. Em breve faremos o sorteio de um exemplar de Crimes no Tarô, não o fiz hoje porque ainda estou encontrando problemas no aplicativo do Sorteie-me.


Podem acessar a página do livro no Facebook clicando aqui.

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Crimes do Tarô (Leonardo Nóbrega)
4/ 5
Oleh

2 comentários

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10 de janeiro de 2016 às 18:38

Obrigado pelas belas e gentis palavras, Augusto Júnior (Cabeças de Abóbora). E você matou a charada, o detetive foi escolhido porque os superiores achavam que ele não descobriria nada. Tá certo que a ajuda e a sorte foram grandes, mas a insistência dele foi fundamental para a solução do caso. Adiantando aqui para seus leitores que em meados de 2017 deveremos ter a publicação do Diário do Doutor. Um Abraço.

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16 de janeiro de 2016 às 17:33

Eu sou honrado por ter podido ler um livro tão bom. Crimes do Tarô foi pra mim uma chamado para um novo estilo literário. Foi, sem duvidas, um grande escolha de leitura para iniciar meu ano. Aguardarei ansioso pelo diário do Doutor!!!

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