terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

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Entrevista com a autora: Lavínia Rocha

A autora de hoje do Projeto Plena tem simpatia de sobra e faz magia com as palavras. A menina é guerreira e já tem três livros publicados! Gostei muito de entrevista-la e conhecer um pouco mais da sua vida e das inspirações. Conhecendo cada livro dela vocês poderão mergulhar numa literatura feita com muita competência e dedicação. Fica ligado no livro Entre 3 Mundo, já é meu favorito! Entre suas inspirações ela cita, entre outras talentosas autoras, a Marina Carvalho ( autora pela qual eu tenho uma grande admiração). Aproveitem a leitura! <3



1- Fale-nos um pouco de você. Quem você é? O que te move, inspira e diverte? Qual sua formação?
Eu sou uma pessoa bastante espontânea, comunicativa e risonha. Gosto muito de me envolver em lutas de minorias (especialmente a luta negra e a feminista), seja lendo, debatendo ou atuando. Sou movida pelos meus sonhos, inspirada por situações a minha volta e praticamente tudo me diverte; sair e viajar com amigos, dançar, ler, assistir a séries e filmes...

Ainda não tenho nenhuma formação (tenho 18 anos haha), mas vou começar esse ano o curso de História.

2- Como se da à relação entre você e a literatura?

Minha relação com a literatura tem dois lados: quando eu aprecio palavras já escritas ou quando crio novas. Minha vida está cercada de livros e minha cabeça de ideias. O que é ótimo, pois adoro usar a literatura para sair da minha realidade e mergulhar em uma nova!


3- Quais são seus livros publicados? Fale-nos um pouco deles e onde podemos compra-los


Meu primeiro livro, publicado em 2010, chama Um amor em Barcelona e conta a história da Isabela, uma garota de 14 anos que acha muito chato de ter que visitar seu pai na Espanha, pois ele costuma prendê-la muito. Só que nessas férias, ela vai com uma prima, e as duas conseguem “ares de liberdade” e se apaixonam por dois garotos, o que torna a viagem muito mais interessante...

O segundo, De olhos fechados (2014), conta a história da Cecília, uma garota que anda recebendo uns bilhetes com frases estranhas e, toda vez que ela o lê, uma imagem vem em sua mente – o que não seria tão estranho se ela não fosse cega desde que nasceu. Além desse mistério, Cecília vai se envolver em um romance um pouco complicado com o aluno novo do colégio, o Tiago, e vai ter que passar por cima de um preconceito contra si mesma que nunca imaginou ter. É uma história com toques de mistério, romance e aventura.
O terceiro livro, Entre 3 mundos (2015), é fantasia e traz uma outra realidade política e social. O Brasil (da mesma forma que todos os países do mundo) foi dividido em duas regiões: o Norte (lugar das pessoas normais) e o Sul (onde ficaram as pessoas meio-mágicas). Alisa veio de uma família do Norte e, quando tinha seis anos, descobriu que pertencia ao Sul. Por isso, ela foi obrigada a se mudar para um colégio interno do mundo meio-mágico. Nove anos depois, quando o livro começa, um grande acontecimento no colégio faz com que Alisa comece a questionar quem ela é de verdade. Além disso, o livro traz questões típicas da adolescência; Lisa (como prefere ser chamada) vive babando no garoto que não está nem aí para ela e é a única pessoa que não percebe o quanto seu melhor amigo é apaixonado por ela. Mais uma vez, misturei vários gêneros; tem fantasia, romance, mistério e aventura.
Um amor em Barcelona teve suas duas primeiras edições esgotadas e agora vai ser relançado pela minha editora. Ainda não tem como encontrá-lo. Mas os outros dois são encontrados nas livrarias Leitura dos shoppings de BH. Também pelo site da Livraria D’Plácido, Saraiva e Cultura.

4- Como se deu sua inserção nesse universo literário? Quais desafios encontrou para publicação de seus livros e como os superou?

O meu primeiro livro foi publicado de forma independente. Como eu ainda tinha 13 anos, meus pais que cuidaram disso e buscaram uma editora. Já no segundo, eu mesma comecei a correr atrás de alguma editora que bancasse o projeto, além de trabalhar com a divulgação e a distribuição. Não foi fácil. Mandei emails para várias, até encontrar a D’Plácido, minha editora atual.

5- Que elementos você considera importante na construção de um personagem?

Acho muito importante criar marcas para os personagens, isso os deixa mais reais. Todos nós temos características e manias que se destacam e, da mesma forma, gosto que os meus personagens possuam particularidades. Também acho crucial mesclar defeitos e qualidades, pois, além de abrir portas para situações no livro, isso deixa a história mais verossímil.


6- Quais são os livros e autores que inspiram sua vida? Recomenda-me algum.

Eu tenho três autores que me inspiram muito, mas a lista sempre se renova. No início da minha adolescência me apaixonei por Pedro Bandeira, Thalita Rebouças e Paula Pimenta. Os três me apresentaram à literatura nacional, e sou muito grata por isso! Nesse momento, estou viciada nos livros da Marina Carvalho, a escrita dela é fantástica! Vou, então, recomendar a série dela que me conquistou: “Simplesmente Ana” é o primeiro, e agora estou lendo o “De repente, Ana”, que é a continuação.

7- Fale-me de seus projetos futuros. Tem mais livros a caminho?

Tenho três projetos para esse ano (eba!). A terceira edição de Um amor em Barcelona, que vai contar com uma capa nova, além de ilustrações no interior. Um livro de contos sobre diferentes deficiências, que terá outros autores também – fui convidada para participar por causa da personagem de De olhos fechados, que é cega, então resolvi fazer um conto sobre ela. E por último, estou trabalhando na continuação de Entre 3 mundos.
Imagem só pra dizer que eu amo livro novo

8- O que significa para você esse efeito mágico que a leitura causa nas pessoas, especialmente nas crianças e nos adultos sonhadores?

Eu acho encantador! O modo com que um livro pode nos trazer um misto de sentimentos é muito especial! Às vezes me pego gargalhando, chorando, morrendo de medo ou de ansiedade e paro para pensar no quão fantástico é o jeito que aquele autor tem de organizar as palavras a ponto de me fazer sentir tudo aquilo. É como você disse, a leitura causa um efeito mágico!


9- Escolha uma frase ou parágrafo de um de seus livros para nos inspirar.

Escolhi um parágrafo de De olhos fechados e outro de Entre 3 mundos.

O primeiro é uma fala da Cecília, que vive um dilema: diz para todos que odeia quando sentem pena dela, mas percebe que, antes de tudo, ela é a pessoa que mais precisa acreditar em suas próprias palavras.

Um pouco antes dessa fala, a moça que vende pipoca no cinema não percebeu que ela era cega e se irritou quando a menina se confundiu e tentou pagar com uma nota de cinco reais. No fim das contas, quando a moça viu que ela era cega, usou a expressão que Cecília odeia: “ai, que dó de você”.
“Eu sei que já era para ser vacinada a esse tipo de reação, mas ainda me irritava quando tinham dó de mim. Não que fosse culpa da pessoa que o fazia, mas o problema é que toda vez que eu tentava mostrar para alguém que não precisava ter pena, eu me sentia como se estivesse falando para mim mesma, como se eu fosse quem mais precisasse ser convencida. E isso era o pior de tudo.”
O segundo parágrafo é sobre algo muito importante para a Lisa, minha personagem de Entre 3 mundos. É a primeira desconstrução racista pela qual ela passou, além de descrever o momento em que se descobriu negra. Como passei pela mesma descoberta, tenho um carinho dobrado por essa parte.
“(...) minha pele era o que as pessoas costumavam chamar de “morena”, mas eu me identificava como negra da pele clara desde que o grupo do movimento negro da escola – do qual a Nina fazia parte – apresentou um teatro sobre como expressões do tipo “pardo”, “moreno”, “marrom bombom” são usadas pela sociedade para evitar “negro” ou “preto” – como se isso fosse um xingamento, uma ofensa – e, considerando a nossa história escravocrata, fica fácil entender por que muitos pensam assim. Depois dessa apresentação, comecei a reparar como era desconfortável usar o termo negro, enquanto chamar alguém de branco era supernatural. No fim das contas, fiquei bastante satisfeita por ter mudado a forma como eu me via – e Nina também ficou feliz por seu grupo ter atingido vários alunos do colégio.”

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Entrevista com a autora: Lavínia Rocha
4/ 5
Oleh

1 comentários:

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2 de fevereiro de 2016 às 21:35

Adorei responder à entrevista! Obrigada! <3

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